História
Localizados na periferia imediata da cidade de Lisboa, a Cruz Quebrada e o Dafundo tiveram, ao longo dos tempos uma evolução estreitamente associada à dinâmica e transformação desta.
Cruz Quebrada e Dafundo pertenciam, assim como o lugar de Algés, ao "Reguengo de Algés", também denominado por "Algés de Ribamar", que já no tempo de D. Afonso Henriques designava os terrenos compreendidos entre a Ribeira de Alcântara e o Rio Jamor.
Cruz Quebrada localiza-se junto ao vale do Rio Jamor, prolongando-se um pouco para Norte e para Este.
Situa-se próxima de uma ponte de pedra que permite a travessia do rio, no parapeito da qual existiram duas cruzes, encontrando-se a segunda partida, facto que poderá estar na origem da sua designação. Outra versão para a origem do nome da localidade é a de que existia na povoação um cruzeiro aparentemente muito venerado pela população. Sendo o cruzeiro moldado em bronze, teria sido roubado pelos franceses, aquando das Invasões, para ser derretido e fazer canhões. Após o roubo, a população passou a garantir que, sem o seu Cristo, a cruz dava brados ou sejam gritos para o ar. Teria por isso passado a chamar-se Cruz Que Brada. O tempo encarregou-se de lhe modificar o nome para Cruz Quebrada, que permanece até à atualidade.
Segundo alguns autores, a primeira referência ao topónimo da Cruz Quebrada surge no Foral da Vila de Oeiras (1760), embora, em documento datado de 1649, este lugar seja mencionado indiretamente, associado ao Forte de Santa Catarina da Cruz Quebrada.
O Dafundo ocupa os terrenos mais próximos da praia com o mesmo nome. As referências ao seu nome (topónimo composto pela junção das palavras "dá" e "fundo") datam de meados do século passado e, na opinião de alguns autores, está relacionado com a pouca profundidade que o rio Tejo teria nesse local.
Sendo a família do Marquês de Pombal proprietária de terras e casas nestes locais, estes foram, logo a seguir à Vila de Oeiras, os lugares do Concelho que mais beneficiaram da administração do Marquês e das vantagens que o foral da vila lhes concedia. O Marquês de Pombal (Sebastião José de Carvalho e Melo) criou o morgadio do Dafundo para o seu 2º filho varão, José Francisco Maria Adão Macário de Carvalho e Daum, em 1776.
Por outro lado, devido ao facto de estes lugares se encontrarem no caminho de Oeiras, e de este se constituir como "reguengo" - o que instituía obrigatoriamente direitos alfandegários para toda a mercadoria que entrasse nesses domínios – proporcionou-lhes, através dos rendimentos da portagem estabelecidos pelo foral, fonte de receitas complementar e conferiu a estes lugares grande protagonismo na época.